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domingo, 28 de novembro de 2010

Fim de semana no cinema! - Introdução

Olá criaturas da noite! E de outros períodos do dia também, vai...

Com mamãe viajando, o apê completamente vazio e nada pra fazer, tive uma epifania: cinema!
Mais especificamente, me abrigar no cinema, chamá-lo de lar por uns dois dias...
(ok, tinha o Festival de Brasília rolando... mas não, hehe)

Fui então checar o jornal e montar meu expediente... e para minha surpresa, lotado de filme pra ver!
Raro isso nos tempos atuais dessa Brasília, tive que aproveitar. Mesmo sem companhia (tirando meu pai, que me acompanhou em uma das sessões, gracias mi padre!), lá fui eu...
O plano? 5 filmes em 2 dias. E para começar bem e com fôlego, deixei o grosso para sábado.
Sim, eu fui no cinema e assisti a 3 filmes, só ontem.

Faltando mais 2 para completar meu "projeto pessoal" (enquanto os trabalhos finais da facul estão acumulados, hehe), aqui está um relatório cinematográfico de ontem, dividido em partes (posts), pra quem tiver nada pra fazer quiser ler. Sério, foi um ótimo dia, com dois grandes filmes e um bem divertidinho, valeu (mutíssimo) a pena! E mais tarde, a conlusão da missão (assim espero, pelo menos)...

Até!

Fim de semana no cinema! - Sábado (Filme #1)

"Demônio"


"Devil"
EUA , 2010 - 85 min.
Terror/Suspense
Direção:
John Erick Dowdle
Roteiro:
Brian Nelson
Argumento:
M. Night Shyamalan
Sério, não sei qual é a birra da indústria com M. Nigth Shyamalan, realizador de "O Sexto Sentido", "Sinais", "Corpo Fechado" (uma obra prima) e outros aí. O cara é um ótimo diretor e (de longe) o melhor roteirista de filmes de terror. Talvez até o único que preste, em atividade.

Tudo bem, "O último mestre dos ares" e "Fim dos Tempos", suas obras mais recentes, não são lá tão bons, mas também são melhores que muita coisa que se vê por aí, e seus outros filmes merecem destaque pelo alto nível de qualidade das produções (com destaque para o roteiro). Ele não merece o esculacho que vem recebendo da crítica, de forma alguma. Injustiça total com um grande cineasta de nosso tempo.

Talvez por isso, Shyamalan deve ter planejado não manchar sua obra, a primeira de três, pelo seu nome sujo (sem razão) e deixá-la ganhar vida nas mãos de terceiros (o diretor e o roteirista são bem desconhecidos). Mas não se enganem: esse é, sim, um filme de Shyamalan. E um muito bom, como eu não via desde "Sinais"!

O agoniante filme, com uma produção simples e usando atores de pouca fama, sobre cinco estranhos presos em um elevador durante bizarros eventos que vão revelando que talvez um dos ocupantes seja, de fato, o demônio, é conduzida com maestria e consegue ser extremamente assustador e tenso, muito mais do que um "Jogos Mortais" consegue hoje em dia, e isso se valendo mais de um roteiro inteligente e complexo, e de uma direção imprevisível, do que do simples derramamento de sangue usuais.

Mesmo só assinando a história e a produção, é óbvio o estilo de Shyamalan, tanto no roteiro, como na direção, quase como se ele estivesse usando o diretor e o roteirista como disfarce. A câmera virando de cabeça para baixo (sério, a visão panorâmica de Nova Iorque de cabeça para baixo, na abertura do filme, é sensacional), as diversas subjetivas, os movimentos e enquadramentos inusitados tradicionais do cineasta estão todos lá, reproduzidos pelo desconhecido Dowdle. E a história, com sua tensão, reviravoltas (realmente) surpreendentes, as pistas que vão sendo liberadas sobre a "verdadeira conclusão", que sempre pega de surpresa mesmo o mais ligado espectador, a lição de moral que sempre fecha o círculo narrativo ao final (os filmes dele têm sempre uma mensagem), todos esses elementos que Shyamalan imprime em suas obras também estão presentes.

A soma desses fatores, como não poderia deixar de ser, faz desse um excelente filme de terror, super original, que se destaca entre tantas coisas comuns que vemos, e merecia muito mais reconhecimento do que teve. Ou seja: um filme de Shyamalan, que deveria ser, sim, um símbolo de qualidade. Nota: 9,0

Fim de semana no cinema! - Sábado (Filme #2)

"Os Outros Caras"


"The Other Guys"
EUA, 2010 - 107 min.
Comédia/Ação
Direção:
Adam McKay
Roteiro:
Adam McKay, Chris Henchy
Elenco:
Mark Wahlberg e Will Ferrell
Após um ótimo filme de Shyamalan, me despedi rapidamente do meu pai e fui correndo para o segundo filme de sábado, "Os Outros Caras", que já ia começar (sorte que eu já tinha comprado o ingresso).

Bom, sobre o filme, eu já não esperava muita coisa. O que eu queria com "Os Outros Caras" era mesmo me divertir um pouco, sem pretensão alguma. Nesse quesito, o filme supriu meu desejo e minha expectativa.

É um filme altamente divertido e bem engraçado, com um humor e diálogos surreais, que não soam verossímeis, mas que funcionam perfeitamente bem pela originalidade. O que pode ter de clichê um filme sobre dois policiais tentando virar os heróis da cidade, o roteiro consegue dar um ar renovado, assim como acontece com os outros filmes de Adam McKay (e conseqüentemente, Will Ferrell).

Quem já assistiu a outros filmes do diretor, sempre estrelados por Ferrell, sabe do que eu estou falando. Como pode ser visto em "Ricky Bobby" e "O Âncora", a dupla traz um filme com humor bem pastelão americano, com um toque a mais de originalidade nas situações inusitadas, nos personagens estereotipados, mas nem um pouco tradicionais, e nos diálogos bizarros, que só McKay sabe fazer. Para isso, como sempre, o diretor conta com um time de atores de luxo, como Eva Mendes, Samuel L. Jackson, Dwayne "The Rock" Johnson, Michael Keaton e Steve Coogan, em papéis secundários, servindo de escada para o protagonista Will Ferrell, sempre a mesma coisa (efetivo, no entanto), que aqui está acompanhado de Mark Wahlberg, mostrando sua veia cômica (meio forçada, como o resto de suas veias, diga-se de passagem), como uma dupla de detetives que não se encaixam no grupo e, também, não se aturam.

Não que isso afete o resultado final. "Os Outros Caras" não é nenhuma comédia de alto nível. O filme tem o mesmo efeito e finalidade das comédias americanas enlatadas, com um diferencial que faz o espectador não sentir estar vendo mais do mesmo. A dinâmica funciona, com certeza gerando altas risadas, como um bom entretenimento, leve e gostoso de assitir. Nada mais do que isso. Nota: 7,8

Fim de semana no cinema! - Sábado (Filme #3)

"A Rede Social"


"The Social Network"
EUA, 2010 - 121 min.
Drama
Direção:
David Fincher
Roteiro:
Aaron Sorkin
Elenco:
Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e Justin Timberlake
Se o meu dia no cinema já estava bom, a pré-estréia de "A Rede Social" o deixou ainda melhor, fechando meu sábado com chave de outro. E quando eu digo "ouro", quero dizer realmente pérola. O filme é uma obra de luxo, um dos melhores do ano, que eu vejo levando para casa o Oscar de Melhor Filme sem muita dificuldade.

Em teoria, eu teria muito o que falar do filme. Mas, mais que tudo, é um filme simples e empolgante, super denso, no entanto, no estilo mais clássico de Cinema. Por isso, pra não deixar algo muito descritivo, detalhado e lento, vou (tentar) deixar essa crítica mais "empolgativa" que técnica.

O filme, que mostra como Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg, feito para esse personagem) e o brasileiro Eduardo Zaverin (Andrew Garfield, o próximo Homem-Aranha, já mostrando seu talento), dois estudantes nerds socialmente desajustados de Harvard, criaram o Facebook, em uma história de sexo, intrigas, traição e processos milionários, é primoroso.

Se a história parece simples (e é), o que faz ela ser digna de ser vista é mesmo a execução de David Fincher, um dos melhores diretores americanos na atualidade, e pelo roteirista Aaron Sorkin, de quem, na minha opinião, saem os melhores roteiros (e, especialmente, diálogos) que eu já vi (tanto que é o único roteirista que é mencionado em propagandas e trailers de filmes).

Fugindo do seu estilo violento, Fincher continua fazendo bonito, conduzindo um filme que te prende do início ao fim, sem "encheção" de linguiça alguma (é sério), com uma direção bem dinâmica (para uma história sem grandes eventos), que se destaca pela montagem de uma narrativa não-linear, que se passa em três momentos diferentes alternados (Zuckerberg e Zaverin em Harvard, e todo o processo de criação do Facebook; processo de Zaverin contra Zuckerberg; e outro processo, envolvendo a criação da rede, contra Zuckerberg), bem coesa, e que dá o movimento e o tom do filme. Vale também destacar a cena da competição de remo, belíssima, e que mais enaltece a direção de Fincher.

Do roteiro, é até difícil de falar, de tão rico que é o trabalho de Sorkin. Ele utiliza todo seu estilo e talento para dar vida a uma história sem grandes acontecimentos épicos, criando uma narrativa rica focada em um personagem intrigante, hora brilhante, ora desprezível, mas humano, da figura de Zuckerberg. Diferente de outros filmes biópicos, não é apenas pela visão dele que entendemos o personagem, mas sim a partir do mundo ao seu redor, das relações dele com os outras figuras, tão interessantes e bem escritas (especialmente Zaverin e Sean Parker, interpretado por Justin Timberlake) como o próprio, que vão definindo e moldando-o.

Recheado de ironias, diálogos inteligentes e rápidos (sua marca registrada), o roteiro cria, mesmo, uma narrativa em cima da vida real, bem humorada e lotada de referências culturais, focando o enredo não na cronologia de acontecimentos e no peso histórico deles (como fazem a maioria das biografias), mas sim na carga dramática que eles acarretam, no teor humano e emocional da jornada de Zuckerberg, o criador da maior rede de relacionamentos do mundo, que possuía apenas um amigo. Acaba que os fatos viram apenas meios para se atingir o contexto por trás deles, desde a relação (complexa) de Zuckerberg e Zaverin até a fome de Zuckerberg em se tornar relevante dentro da sociedade.

Mas como "uma imagem vale mais que mil palavras", e o filme tem muito de ambos, vão assistir "A Rede Social", porque me faltam palavras para descrever essa obra prima. Melhor filme do ano depois de "A Origem". Nota: 10!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Nova coluna (26/11)

Hey, personas!

Nova coluna "Luz, câmera, reação" no ar!

Brasília em curto circuito

A coluna, essa semana, é dedicada aos meu compatriotas brasilienses e é quase um desabafo pela falta de opções em filmes alternativos (e pela falta de qualidade do Festival de Brasília).

E desculpem a falta de publicações aqui no blog, final de semestre, trabalhos finais (acumulados, como qualquer bom estudante)... fica difícil, né.
Mas em breve, eu volto a me dedicar mais a esse espaço, "vicem"?

Abraços e inté!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nova coluna (19/11)

Hey people!


Nova coluna "Luz, câmera, reação" no ar!

(Re)vivendo na terceira dimensão

A coluna, essa semana, fala um tico de 3D, "Avatar" e IMAX

Até!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Nova coluna (12/11)

Hey people!

Só pra avisar que a nova "Luz, câmera, reação", minha coluna no Jornalistando, está no ar.


A coluna, essa semana, fala de super-heróis e quadrinhos no cinema.
E daqui a pouco, postarei uma nova KinoCrítica...

Inté!

KinoCrítica: "RED - Aposentados e Perigosos"


RED EUA, 2010 - 111 min. Ação/Comédia Direção: Robert Schwentke   Roteiro: Jon e Erich Hoeber   Elenco: Bruce Willis, John Malkovich, Helen Mirren, Mary-Louise Parker, Morgan Freeman, Brian Cox, Karl Urban, Richard Dreyfuss, Ernest Borgnine
Essa vem em tempo... prometo não enrolar (muito). RED (sigla para "Retired Extremely Dangerous", ou aposentados extremamente perigosos), novo filme de Robert Schwentke (diretor de "Te amarei para sempre", bem legal, e "Plano de Vôo", fraco que dói) baseado nos quadrinhos de mesmo nome, estréia amanhã, sexta-feira, dia 12 de novembro. Eu, empolgadaço para assistir desde que o trailer saiu meses atrás, penando de ansiedade para o filme ser lançado, não consegui esperar e vi na pré-estréia, semana passada. E devo dizer que ele supriu todas minhas expectativas. É bom demais!


Não se enganem. Eu mesmo prezo muito pelo roteiro de um filme, acho de longe um dos elementos mais importantes de uma obra cinematográfica (tanto que quero ser roteirista quando virar "gente de verdade"). No caso de "RED"... bom, não temos lá um grande roteiro, não mesmo. Mas no que falta história e audácia narrativa, o filme compensa com estilo... e atuação! E quando digo atuação, quero dizer realmente ATUAÇÃO.

A trama: Frank Moses (Bruce Willis), um dos melhores assassinos da CIA, agora aposentado, tenta levar uma vida banal, até que vira alvo da agência à qual ele um dia dedicou sua vida. A partir disso, ele foge e vai atrás de seus antigos colegas aposentados (Morgan Freeman, John Malkovich, Brian Cox e Helen Mirren) atrás de respostas e auxílio para (ex)terminar com as ameaças para voltar à sua vida sem graça. O que esperar disso? Muita ação, muita comédia, história rasa e inverossímil (ao estilo James Bond) em muitas situações. Não disse que o roteiro não era grandes coisas?

Mas vamos lá! Olha só as "figurinhas" que estão nesse blockbuster: o já citados Bruce Willis, Morgan Freeman, John Malkovich, Brian Cox, Helen Mirren e ainda Ernest Borgnine, Richard Dreyfuss e Mary-Louise Parker! Todos atores consagradíssimos (tirando Willis e Parker, que são "apenas" consagrados) com Oscars, BAFTAs (o "Oscar britânico"), Tonys (o "Oscar do teatro") ou qualquer outro prêmio que se imagine, eu garanto: alguém desse elenco já ganhou em algum momento. E estão todos à vontade, se divertindo à beça, na medida entre exagero e natural, na maior química, principalmente Willis (sempre carismático e eficiente), Parker (a alma radiante do filme), Malkovich (impecável, como o personagem mais pirado e, de longe, o mais divertido) e Mirren (impagável ver a "rainha" arrasando com uma metralhadora).

Vale demais também pelo estilo de Schwentke na direção, que supre a falta de história com cenas bem desenvolvidas e de uma visão original. Nenhum quadro é tradicional, toda imagem tem um estilo próprio, seja pelo ângulo da câmera, ou pelo ritmo da ação, tirando algo inovador de um clichê já batido. Mesmo a jornada dos personagens ele transforma numa espécie de "road movie", primando pela esquisita relação entre os personagens ante à ação de perseguições do gênero (não que elas estejam ausentes aqui).

Um filme extremamente divertido, com equilíbrio entre os barulhos de explosões e as risadas dos espectadores na sala de cinema, sem perder o foco de seus personagens enriquecidos pelas primorosas atuações, "RED" impressiona por fazer do entretenimento tradicional dos blockbusters de Hollywood uma experiência rica, tradicional no objetivo, original na condução, empolgando e divertindo, mais que tudo.

Os críticos provavelmente não irão aprovar "RED", mas eu digo que ele cumpriu o objetivo e foi exatamente o que eu esperava: uma diversão despretensiosa, mas com classe e um "jeitão" todo próprio.

Vejam abaixo o trailer:


Bom final de semana!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

KinoCrítica: "Vigaristas"

Olá, personas!

Abrindo o espaço das crítica, começo com uma pérola cinematográfica quase desconhecida: "Vigaristas" (título "abrasileirado" de "The Brothers Bloom"), filme de trapaças do iniciante Rian Johnson.

"The Brothers Bloom" EUA, 2008 - 113min. Comédia/Drama  Direção/Roteiro: Rian Johnson  Elenco: Adrien Brody, Rachel Weisz, Mark Ruffalo, Rinko Kikuchi
À primeira vista, principalmente pelo péssimo e simplório título nacional e pela arte promocional (ao lado) sem inspiração alguma, "Vigaristas" não parece ser lá grande coisa. Tudo indica se tratar de mais um filme de golpistas, estilo "Onze Homens e um Segredo", com trapaceiros inteligentes, planos mirabolantes, reviravoltas e tiros, como qualquer outro do gênero, mas sem os galãs e o orçamento usuais. Mas o que o título e a promoção da Paris Filmes trazem de simples, o filme tem de complexidade.

Na trama, temos Stephen (o competente Mark Ruffalo) e Bloom (o ganhador do Oscar® Adrien Brody), irmãos na linha de Tom Sawyer e Huck Finn quando crianças, trapaceiros profissionais (surpresa!) na idade adulta que, excluídos da sociedade, vivem viajando pelo mundo, assumindo diferentes identidades, aplicando golpes nos outros, com a ajuda da enigmática e perigosa Bang Bang (Rinko Kikuchi), como meio de vida. Só que, diferente da maioria dos golpistas que vemos nos filmes, os irmãos Bloom têm uma "ética de trabalho": da mesma forma que eles se beneficiam monetariamente com os golpes, suas vítimas... bom, não são bem vítimas, já que saem pessoas melhores e mais realizadas depois da experiência. Enquanto essa é a vida perfeita paraStephenBloom está desiludido, sem saber quem realmente é, sendo apenas um personagem nas histórias escritas pelo irmão. É aí que entra em cena Penelope (outra ganhadora do Oscar®, Rachel Weisz), uma excêntrica milionária anti-social que viveu enclausurada em sua mansão a vida inteira, que vira alvo do último golpe dos irmãos antes de Bloom se aposentar, em uma aventura alucinante onde nada é o que parece.

O diretor americano independente Rian Johnson, em sua segunda incursão no mercado de longa-metragens, após ganhar o prêmio de Visão Original no Festival de Sundance pelo excelente "A Ponta de um Crime" ("Brick"), consegue dar um novo ar para um gênero já explorado ao excesso. Enquanto esse tipo de filme procura desenvolver situações inusitadas, reviravoltas (ou assim tenta), Johnson vai em outra direção: foca na narrativa emocional de seus personagens, bizarros, complexos e bem desenvolvidos (raros em filmes de trapaça), amarrada a um roteiro impecável, com diálogos inteligentes e afiados. O que está em jogo aqui não é a ação, ou o desenrolar dos intricados planos do golpista. Eles estão presentes, com reviravoltas surpreendentes também, mas são apenas ferramentas para o desenvolvimento dos conflitos internos dos personagens. Tanto que algumas situações ficam sem explicação, como um golpe que só vemos o resultado, sem ver a execução, ou mesmo a natureza dos irmãos com um dos maiores antagonistas, que fica só implícita, o que pode incomodar alguns. Mas é como eu disse, os eventos não importam tanto quanto o efeito que eles têm nos personagens e em suas narrativas próprias.

Apesar de um filme de alta complexidade, é na simplicidade que Johnson atinge sua qualidade. É uma obra de sensação, de emoções, mais do que dequebrar a cabeça para conseguir achar seu sentido, sua resolução. Ele encontrou um equilíbrio de situações dramáticas estranhamente cômicas, que vão desde o "pastelão" a um humor britânico sofisticado, hora filme de trapaças, com aventura e ação, hora filme romântico, hora drama existencial. Um prato cheio para qualquer espectador, com opções para todos os gostos.

Os aspectos técnicos também impressionam. A música "jazzística" empolga, dando ar dos grandes filmes de golpe dos anos 70, constantemente homenageados aqui, e a fotografia é deslumbrante, com cores vivas e vibrantes, que vão mudando de tom de acordo com o teor dramático do filme, cheio de simbolismos, principalmente pela direção de Johnson, que transmite mais pela imagem do que pela própria história, o que dá uma dimensão de grandiosidade enorme à obra.

Rian Johnson acertou em cheio em "Vigaristas".  Pegar tantos elementos complexos, dar coesão e conduzir tudo dando atenção a tantos detalhes com tamanha maestria é digno de aplauso, principalmente considerando que ele ainda está em início de carreira. Alguns críticos comparam o estilo dele com o de Wes Anderson, e de outros diretores mais alternativos. Eu prefiro ficar nos méritos de Johnson, cujo surrealismo está presente na obra, mas contido à história, e não conduzindo-a. Sem falar na originalidade que ele traz para temas banais, como já demonstrou em "A Ponta de um Crime". Destaque também para as atuações de Adrien Brody, que apesar de repetir seu tipo "estranho e melancólico" de quase sempre, está excelente no papel do personagem que conduz a história, cheio de conflitos internos, e, especialmente, para Rachel Weisz, normalmente em papéis dramáticos, que interpreta a personagem mais complexa, engraçada, estranha e original, na medida certa entre realidade e exagero, que merecia um maior reconhecimento por essa atuação cheia de nuances.

Um filme completo, meu "favorito atual" (tenho muitos favoritos, esse só é o mais recente).

É isso. Até mais, galera!

Crítica publicada originalmente no Jornalistando.com

Reaberto para negócios

Tempão sem postar nada aqui...

(se é que dá pra considerar os dois posts anteriores como "algo")

Bom, comecei (bem) recentemente a escrever uma coluna de cinema no Jornalistando.com, site de uma amiga, e, do nada, voltou a vontade de escrever. Lembrei, então, que tinha esse blog e decidi revitalizá-lo. Assim sendo (ou não sendo, tanto faz), estamos reabertos para negócios (ou melhor, abertos de verdade dessa vez)!

Meu compromisso verdadeiro continuará sendo com o site, mas de vez em quando postarei alguma besteira que "der na telha" por aqui, principalmente críticas ou reações de filmes e séries.

(esse blog será minha válvula de escape, de certa forma...)

Conclusão: toda sexta-feira, coluna "Luz, câmera, reação", no Jornalistando.com... e conteúdo extra, aqui, no Bagulhices.

Para qualquer alma viva que esteja lendo isso aqui, inté más!